segunda-feira, 6 de julho de 2009

MINHAS TRADUÇÕES

O FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO NA ESQUIZOFRÊNIA

Na primeira sessão deste artigo, nós vamos revisar os estudos sobre o funcionamento neuropsicológico na esquizofrenia. Nós vamos definir cada área de habilidade cognitiva e descrever o grau de disfunção encontrado em estudos com pacientes esquizofrênicos. Para objetivos descritivos, nós adotamos a convenção proposta por Cohen (1998) e aplicamos em estudos meta-analíticos de que o funcionamento cognitivo (a) é dentro dos limites normais se o grau de desempenho estiverem dentro de um quinto de um desvio-padrão dos padrões normativos, (b) é ligeiramente atenuada a disfunção se a pontuação pender entre 0,2 e 0,5 abaixo do desvio-padrão normativo, (c) é moderadamente a disfunção entre 0,5 e 0,8 do desvio-padrão abaixo do padrão normativo, e (d) é grave em 0,8 ou mais do desvio-padrão abaixo do padrão normativo.


ABRAHAM REICHENBERG e PHILIP D. HARVEY
em Disfunções Neuropsicológica da Esquizofrenia: Integração de Desempenho Baseado em Descobertas com Imagens Cerebrais (Neuropsychological Impairments in Schozophrenia: Integration of Performance-Based and Brain Imaging Findings) .
Psychological Bulletin (2007, vol. 133, n.º 5, 833-858)
American Psychological Association

quarta-feira, 1 de julho de 2009

MINHAS TRADUÇÕES

INTRODUÇÃO

Pacientes com esquizofrenia manifestam uma grande variedade de sintomas, incluindo delírios, alucinações, e disfunções na comunicação, na habilidade motora, na volição e desordem emocional. Um consistente estudo associou a esquizofrenia com anormalidades no sistema dopaminérgico caracterizado pela coexistência de um estado hiperdopaminérgico no percurso mesolímbico, junto com hipodopaminérgico no trato mesocortical (Davis, Kahn, Ko, & Davidson, 1991; Weinberger et al., 2001). Diversos modelos patofísiológicos diferentes da esquizofrenia foram propostos (Friston, 1999; Pearlson, Petty, Ross, & Tien, 1996; Schultz & Andreasen, 2000; Weiberger, 1987). Entretanto, a maioria das explicações que tem em comum algo substancial, propõem que a esquizofrenia é o resultado de disfunção da distribuição das redes neurais e que o córtex pré-frontal é uma parte intrínseca dessas redes.

Até recentemente, a visão dominante era que pacientes esquizofrênicos apresentavam limitações, se houver, com prejuízos neuropsicológicos, e aquelas que são observadas seriam somente secundárias para muitos dos sintomas da desordem. Na verdade, em seu livro inicial sobre a avaliação neuropsicológica, Lezak (1995) afirmou que “a maioria dos pacientes esquizofrênicos não tinham nenhum sinal neurológico, nem déficits significativos neurológicos” (p.324). Esta visão vem sendo drasticamente mudada. Através de cuidadosa e abrangente pesquisa neuropsicológica tornou-se amplamente manifesto que em acréscimo aos diversos sintomas que formam a definição clínica da doença, o distúrbio mental é, para uma variedade de graus, acompanhado por disfunções neurológicas e conseqüentes disfunções funcionais (Seidman, 1983). De fato, anormalidades neuropsicológicas têm sido observadas na maioria (Goldberg, Ragland, et al., 1990; Palmer et al., 1997), se não em todos (Keefe, Eesley, & Poe, 2005; Kremen, Seidman, Faraone, Toomey, & Tsuang, 2000), os pacientes com esquizofrenia.

Essas observações têm conduzido para a hipótese de que o comprometimento do funcionamento neurológico é a principal característica da esquizofrenia e não um artefato de outros sintomas, maneira de tratar a doença, ou aspectos do curso da doença (Elvevag & Goldberg, 2000; Kremen et al. 2000). Foi igualmente proposto que a bem conhecida diversidade da esquizofrenia em termos de resultado funcional e o aspecto irremediável da doença é melhor caracterizada por déficits neurológicos, e não por sintomas clássicos (Elvevag & Goldberg, 2000). Evidências em diversas áreas de pesquisas apóiam esta hipótese. Primeiro, anormalidades neurológicas são evidentes muitos anos antes e manifestam expressões de qualquer sintoma psicótico (Aylward, Walker, & Bettes, 1984; David, Malmberg, Brandt, Allebeck, & Lewis, 1997; Davidson et al., 1999; Hoff et al., 1999; Jones, Rodgers, Murray, & Marmot, 1994; Reichenberg et al., 2002). Segundo, estes sintomas cognitivos estão consideravelmente desenvolvidos no momento do primeiro contato psiquiátrico (Bilder et al., 2000; Saykin et al., 1994). Terceiro, déficits cognitivos são persistentes e são observados em níveis similares de gravidade mesmo quando os sintomas diminuem (Addington & Addington, 1993; Barbarotto, Castignoli, Passetti, & Laiacona, 2001; Harvey et al., 1990; Martinez-Aran et al., 2002; Silverstein, Osborn, & Palumbo, 1998). Quarto, similarmente, ainda que brandas, desempenho anormal neuropsicológico tem sido observado nos parentes não psicóticos de pacientes esquizofrênicos (T.D. Cannon et al., 1994, 2000; Faraone et al., 1996; T.E. Goldberg, Ragland, et al., 1990; T.E. Goldberg et al., 1995; Keefe et al., 1994; Kremen et al., 1994) e em pacientes de condições de espectro da esquizofrenia (Bergman et al., 1998; Mitropoulou et al., 2002; Moriarty et al., 2003; Roitman et al., 2000; Trestman et al., 1995). Quinto, os déficits cognitivos não respondem marcadamente ao tratamento com medicamentos antipsicótico atípico e típico, apesar dessas medicações reduzirem os sintomas psicóticos do distúrbio com bastante eficiência (Blyler & Gold, 2000). Finalmente, tem sido demonstrado que anormalidades funcionais neuropsicológicas predizem uma variedade de aspectos de resultado funcional pobre, incluindo o conjunto de funções e habilidades de aprendizagem em esquizofrenia (Green, 1996; Green, Kern, Braff, & Mintz, 2000).

Uma vasta literatura referente aos déficits neuropsicológicos na esquizofrenia acumulou ao longo da última década. Neste artigo, nós decidimos rever a literatura sobre déficits cognitivos na esquizofrenia e a literatura de neuroimagem sobre a cognição na esquizofrenia com referência principal para os domínios de disfunções neuropsicológicas. Nós adicionamos resumos de estudos neuropsicológicos em parentes de pacientes esquizofrênicos e apresentamos descobertas neuropsicológicas a partir de estudos de resultados de corte longitudinal desde o nascimento na esquizofrenia, bem como estudos de distúrbios no espectro da esquizofrenia; esses sugeriram que as disfunções neuropsicológicas não são meramente associadas com a própria doença, mas provavelmente representam tendência genética para o distúrbio. Finalmente, nós apresentamos criticamente discussões de modelos cognitivos que poderiam ser usados para ajudar conceitualizar à disfunção neuropsicológica.


ABRAHAM REICHENBERG e PHILIP D. HARVEY
em Disfunções Neuropsicológica da Esquizofrenia: Integração de Desempenho Baseado em Descobertas com Imagens Cerebrais.
Psychological Bulletin (2007, vol. 133, n.º 5, 833-858)
American Psychological Association

LIVROS DA ÁREA DE NEUROCIÊNCIA LIDOS EM 2009/2010

* Psicologia da Percepção - R. H. DAY
* Os Sete Pecados da Memória - como a mente esquece e lembra - DANIEL L. SCHACTER
* Mentes Inquietas - TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade - ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA

LIVROS DE LITERATURA LIDOS EM 2009/2010

* Memórias do Subsolo - FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

* Oráculos de Maio - ADÉLIA PRADO

* No Caminho de Swann - MARCEL PROUST

* Fantasma Sai de Cena - PHILIP ROTH

* Indignação - PHILIP ROTH

* Caim - SARAMAGO

* Recordações da Casa dos Mortos - FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

* O Seminarista - RUBEM FONSECA

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