segunda-feira, 8 de junho de 2009

PERCEPÇÃO


O contato entre o homem e o ambiente é possível graças a receptores sensíveis à energia, especificamente sensíveis a certas formas de energia. Antes do estabelecimento do contato e do inicio de respostas adaptativas adequadas, as características da estimulação devem ser codificadas, para transmissão aos níveis superiores do sistema nervoso central. Recepção, transformação e codificação de energia constituem o primeiro estágio do processo perceptivo (p. 16).

PERCEÇÃO VISUAL

Os cones e bastonetes dos olhos são sensíveis à luz em virtude de mudanças fotoquímicas, que ocorrem quando a luz os atinge.


PERCEPÇÃO AUDITIVA

As células ciliadas do ouvido interno são sensibilizadas pela atividade vibratória na endolinfa da cóclea do ouvido.


PERCEPÇÃO TÁTIL

Os receptores da pele são sensíveis a distorções mecânicas da pele, induzidas por pressões. Há, também, receptores na pele que respondem a mudanças na temperatura.


PERCEPÇÃO GUSTATIVA E OLFACTIVA

Células localizadas nos tecidos das fossas nasais, na língua e na boca são sensíveis a alterações na composição química dos fluidos que as banham, e que absorvem gases e partículas voláteis.


EXTERORECEPTORES (Sherrington): são células do ouvido, olho e pele que recebem energia do ambiente externo.


CARACTERISTICAS DA ENERGIA DO ESTÍMULO

  • Somente amplitudes restritas de energia ambiental em suas várias formas são capazes de estimular as células receptoras, e que a extensão dessas amplitudes varia de uma espécie para outra.
  • A intensidade mínima de energia (limiar absoluto) necessária para ativar os receptores varia de acordo com as características particulares da energia.
  • Para o estímulo ser eficaz a energia deve variar no tempo ou no espaço. Após um breve tempo, um padrão de energia constante ou imutável perde sua eficiência, pois os receptores se tornam progressivamente menos sensíveis.

PROCESSO PERCEPTIVO

A energia luminosa no olho, a energia mecânica que atinge o ouvido e a pele, e todas as outras formas de energia às quais o organismo é sensível, são transformadas ou traduzidas pelo equipamento sensorial em descargas elétricas que, por sua vez, são transmitidas como impulsos ao cérebro, através dos canais nervosos. Esta transmutação e codificação da energia é o primeiro estádio do processo perceptivo.

O mecanismo final pelo qual estas mudanças fotoquímicas disparam impulsos nas células da retina ainda permanece obscuro. Isso é, os estádios finais da transformação de energia física em impulsos neurais ainda precisam ser esclarecidos.


Em qualquer sistema sensorial, um impulso ocorre com uma amplitude característica, e sua velocidade é determinada principalmente pelo diâmetro da fibra nervosa. As mudanças na intensidade, todavia, afetam a freqüência dos impulsos no sistema. Quanto maior a intensidade do estímulo, em termos físicos, maior é a freqüência dos impulsos. A intensidade do estímulo é, pois, codificada pela freqüência do impulso, um princípio comum a todos os sistemas sensoriais.


O estímulo físico, na visão pode variar em comprimento de onda, sendo que diferentes extensões de ondas resultam na percepção de diferentes cores. Na audição as vibrações moleculares incidentes sobre o ouvido podem variar em freqüência, sendo que diferentes freqüências de vibração propiciam alturas diferentes de sons.

As variações em intensidades e em outras propriedades da energia são transformadas num código, que comunica a informação do estímulo ao sistema nervoso central. Estes processos representam o primeiro estádio da percepção.


APRENDIZAGEM E PERCEPÇÃO

A correlação entre processos neurais e fenômenos perceptivos sugere que a experiência não é aprendida, mas advém de processos e interações particulares, induzidos por padrões de estimulação.


PERCEPÇÃO E ATIVIDADE NEURAL

O declínio no brilho aparente se relaciona com a diminuição na freqüência dos impulsos e a redução progressiva do brilho está relacionada com a diminuição da velocidade dos impulsos, visto que os olhos são estimulados por uma intensidade constante.


DETERMINANTES INATOS DA PERCEPÇÃO

Pelo menos em alguns aspectos, o comportamento perceptivo não depende da aprendizagem. Uma das tarefas da psicologia experimental é a exploração detalhada das condições do estímulo que disparam estas formas de comportamento padrão, sem aprendizagem prévia.


A existência de respostas discriminativas inatas é evidenciada a partir de duas fontes principais: o comportamento de espécies sub-humanas cuja exposição à estimulação pode ser controlada ou impedida até o momento das observações experimentais, e o comportamento do ser humano recém-nascido.


Padrões de estimulação funcionalmente significativos para o animal são reconhecidos e discriminados, sem aprendizagem ou exposição prévia.


PERCEPÇÃO DO ESPAÇO BIDIMENSIONAL

A energia do estímulo pode mudar tanto em função do tempo como do espaço. A forma e a textura visuais decorrem de mudanças em intensidade e comprimento de onda da luz que chega à retina, e sensações tácteis como as de macio e áspero, assim como as sensações de contorno são associadas a variações de pressão mecânica sobre a superfície da pele.


A percepção de limites e bordas é auxiliada por mecanismos sensoriais que intensificam as mudanças espaciais na estimulação. Bordas e contornos são gerados não somente por mudanças nas propriedades fundamentais da luz, como também em virtude de propriedades mais complexas, como a densidade dos elementos que compõem a configuração.


ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO NA PERCEPÇÃO DA FORMA

Não há dúvida de que a familiaridade do observador com certas formas significativas e suas expectativas, determinadas por instruções e experiências prévias, afetam consideravelmente o que ele percebe como figura e como fundo.


TEORIA EM PERCEPÇÃO

A Teoria da Gestalt é fenomenológica, realça as relações entre processos no sistema nervoso central e as experiências do observador e dá pouca importância ao papel da aprendizagem na percepção. A noção básica do Gestaltismo afirma que a percepção é relacionalmente determinada. Um segundo princípio fundamental da Teoria da Gestáltica é o do isomorfismo, que afirma haver correspondência entre os processos induzidos no sistema nervoso central e os fenômenos perceptivos.


AS CATEGORIAS DA PERCEPÇÃO

A percepção pode ser considerada a partir de três categorias de variáveis: a do ambiente físico, a das interações e processos fisiológicos e a dos eventos comportamentais. As variáveis-estímulo são as que ocorrem no passado do indivíduo (HS), assim como a estimulação atual (S). Pode-se admitir que a estimulação passada e as respostas de atenção resultam em eventos e mudanças neurais que constituem a memória ou armazenagem neural do indivíduo. Esta última pode ser denominada depósito neural central (DNC).O estímulo em ação no momento induz processos quer no sistema nervoso periférico, como, por exemplo, nos receptores e estruturas associadas, quer nas regiões centrais, inclusive o córtice cerebral. Podemos denominá-las atividades neural periférica (ANP) e atividade neural central (ANC). O depósito neural central, a atividade periférica e os eventos neurais centrais podem ser considerados como uma combinação que produz os eventos fenomênicos da percepção (F), que, por sua vez, servem como mediadores para a resposta comportamental manifesta.


A psicologia da Gestalt concentrou-se nas relações existentes entre estímulos (S), atividade neural central (ANC) e o estado de consciência (F). As teorias funcionalistas acentuaram as interações entre aprendizagem prévia (DNC), estimulação (S) e tanto fenômenos (F) como respostas (R). As interações entre estimulação (S) e atividade neural periférica (ANP) lançaram luz, recentemente, sobre a codificação de energia do estímulo, e que a história do estímulo (HS) do indivíduo, juntamente com o estímulo atual (S) se combinam para produzir qualquer fenômeno (F), como, por exemplo, a memória de cores.




R. H. DAY

em Psicologia da Percepção

Coleção Psicologia Contemporânea

Livraria José Olympio Editora – 3ª edição – RJ – 1979 – 108 p.


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LIVROS DA ÁREA DE NEUROCIÊNCIA LIDOS EM 2009/2010

* Psicologia da Percepção - R. H. DAY
* Os Sete Pecados da Memória - como a mente esquece e lembra - DANIEL L. SCHACTER
* Mentes Inquietas - TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade - ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA

LIVROS DE LITERATURA LIDOS EM 2009/2010

* Memórias do Subsolo - FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

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* No Caminho de Swann - MARCEL PROUST

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