segunda-feira, 17 de agosto de 2009

AS NEUROCIÊNCIAS COGNITIVAS - BREVE RESUMO DO CAPÍTULO I


O livro de Nicole Fiori, As Neurociências Cognitivas, faz a abordagem das funções mentais superiores (cognitivas) do ponto de vista do funcionamento do cérebro.

Segundo Fiori (2008), as neurociências se relacionam com a ciência dos neurônios, do sistema nervoso. Ela divide as neurociências em três estágios, elencados por ordem de complexidade: primeiro, o estágio mais elementar do funcionamento do cérebro é o das moléculas que permitem aos neurônios comunicar-se entre si; fala-se então de neurobiologia molecular ou neurociências moleculares. Segundo, o estágio da célula, no caso específico do cérebro, isso nos remete ao neurônio, mas também as células gliais; trata-se neste caso da neurobiologia ou de neurociências celulares. E por último o estágio permeado pela integração. Neste caso, os neurônios são organizados em redes complexas que formam sistemas integrados como, por exemplo, o sistema visual; o termo relacionado é o de neurociências integradas (neurociências integrativas)

Desta forma, as neurociências cognitivas estudam os mecanismos dos sistemas neurais mais complexos associados das funções mentais superiores (linguagem, memória, atenção... mas também consciência, representações mentais...).

Pode-se então questionar acerca do que diferencia as neurociências cognitivas da neuropsicologia. Bom, a neuropsicologia relaciona-se ao estudo das funções mentais superiores em conjunto com as estruturas cerebrais, o seu objeto de estudo é o paciente cérebro-lesado. Enquanto, as neurociências cognitivas utilizam naturalmente os dados coletados em animais e, no homem, os dados obtidos pela aplicação dos métodos de imageria cerebral (sem negligenciar os métodos derivados do estudo de pacientes cérebros-lesados)

Outro termo similar às neurociências cognitivas é a psicofisiologia, que etimologicamente é o estudo das bases fisiológicas do psiquismo. No entanto, ela trata do comportamento animal em seu ambiente – o homem sendo visto como um animal particular.

Com relação aos métodos utilizados pelas neurociências, eles vão dos ensaios in vitro praticados em neurobiologia celular ou molecular até os de imageria cerebral praticado em neurociências cognitivas. Entre esses dois extremos, encontra-se a estimulação ou a listagem [levantamento] da atividade elétrica de alguns neurônios de uma estrutura cerebral através de microeletrodos implantados no cérebro do animal, muito utilizado pelos neurofisiologistas. Há ainda a autópsia post mortem dos neuroanatomistas.

A psicologia elabora, com os métodos experimentais que lhe são próprios, os modelos de funcionamento cognitivo que geralmente são a base das pesquisas em neurociências cognitivas. O estudo do funcionamento cerebral permite então confirmar, inferir, enriquecer esses modelos.

Entretanto, mesmo que as neurociências (e outras) tenham se dado por tarefa desvendar as funções mentais e tentem determinar seu suporte material, o mistério da formação do pensamento no homem esta longe de ser elucidado, sendo essa a razão pela qual alguns pensadores continuam a conceber o pensamento em termos imateriais. Mas, recente introdução de conceitos, com a cognição, a psicologia cognitiva, as neurociências cognitivas, marca uma nova abordagem do pensamento em conjunto com suas bases cerebrais.

Além de que o surgimento de métodos de imageria cerebral constitui uma verdadeira revolução para o conhecimento em matéria de anatomia do cérebro durante a realização de tarefas cognitivas. A complementariedade dos dados e modelos da psicologia cognitiva e dos dados fornecidos pelo método de imageria cerebral funcional permitirá, sem nenhuma dúvida, o avanço a passos largos nos próximos anos.

Um exemplo é o estudo da esquizofrenia, que atualmente é objeto de inúmeros estudos em imageria cerebral que mostram uma disfunção do lobo frontal traduzida pela menor atividade frontal às custas de uma hiperatividade temporal e que sugere uma falha de conexões entre diversas regiões corticais e subcorticais.


NICOLE FIORI
em As neurociências Cognitivas
Capitulo: As neurociências cognitivas
Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2008. p. 11-20

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