quinta-feira, 27 de agosto de 2009

KORBINIAN BRODMANN


As áreas de Brodmann foram definidas pelo neurologista Korbinian Brodmann, em seu livro “Vergleichende Lokalisationslehre der Grosshirnrinde in ihren Prinzipien dargestellt auf Grund des Zellenbaues”, de 1909. Essas áreas constituem a base para a localização funcional no córtex cerebral.

Para a demarcação dessas áreas, Brodmann utilizou-se como critério a organização dos neurônios no córtex cerebral, em que eram visualizados por meio da técnica de coloração de Nissl.

As áreas de Brodmann tem sido discutidas, refinadas e renomeadas exaustivamente durante quase um século, e continuam a ser as mais conhecidas e citadas na citoarquitetura da organização do córtex humano. Portanto, essas áreas definidas por Brodmann, baseando-se simplesmente na organização neural, são ainda utilizadas para designar regiões corticais funcionais.

Como resultado, segundo aponta Machado (2000, p. 261), a existência de localizações funcionais e o seu estudo têm grande importância na compreensão do funcionamento do cérebro.

As áreas funcionais do córtex, de maneira bem esquemática, foram divididas em área de projeção e de associação. No caso das áreas de projeções “são as que recebem ou dão origem as fibras relacionadas diretamente com a sensibilidade e com a motricidade” (MACHADO, 2000. p. 263), e as restantes seriam as áreas de associações que, segundo o autor citado, estão relacionadas com as funções psíquicas complexas. Portanto, quando há lesões nas áreas de projeções, essas podem causar paralisias e alterações na sensibilidade, enquanto que, quando ocorrem lesões na área de associação a parte motora e sensitiva não é afetada, mas podem ocorrer alterações psíquicas.

Com a contribuição do neuropsicólogo russo Alexandre R. Luria que, segundo Machado (2000, p. 263), propôs uma divisão funcional do córtex baseada no seu grau de afinidade com a motricidade e com a sensibilidade, abriu-se caminho para entender melhor as conexões do funcionamento cerebral. Desta maneira, as áreas de projeções, ligadas à motricidade e à sensibilidade, passaram a ser consideradas por esse neuropsicólogo de áreas primárias, e as áreas de associações foram subdivididas em secundárias (unimodais) e terciárias (supramodais). Essa subdivisão deveu-se a dois motivos. O primeiro, por perceber que existiam funções, ainda que indiretamente, sensoriais e motoras nas áreas de associações, desta forma, passou a denominar estas áreas de secundárias ou unimodais. Segundo, que as áreas terciárias ou supramodais, não se ocupavam de nenhum processamento motor ou sensitivo, mas estavam envolvidas com atividades psíquicas superiores como a memória, os processos simbólicos e o pensamento abstrato.

Dado o exposto, conforme Gil (2007, p. 7), dependendo da região do cérebro a morfologia e a densidade celular das camadas variam, e foi esses critérios arquitetônicos que permitiram a Brodmann mapear as áreas corticais numeradas de 1 à 52. Essas áreas podem ser agrupadas em três tipos mais abrangentes: córtex agranular, com ausência da camada 4 e uma profusão de células piramidais (áreas 4 e 6), córtex hipergranular com uma camada granular desenvolvida e muitas células (áreas sensitivas e sensoriais) e córtex eulaminado, com um equilíbrio entre as seis camadas (áreas associativas).


GIL, Roger. Neuropsicologia. Tradução: Maria Alice Araripe de Sampaio Doria. 2º ed. Editora Livraria Santos: São Paulo. 2007.

MACHADO, Ângelo B. M. Neuroanatomia funcional. 2.º ed. Ed. Atheneu: São Paulo. 2000

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